''Mas não tem nada não
tenho meu violão''

(Cotidiano nº2 - Toquinho & Vinicius)

17.9.02

”Hoje eu ouço as canções que você fez pra mim
Não sei por que razão tudo mudou assim
Ficaram as canções, mas você não ficou”

(As Canções Que Você Fez Pra Mim - Erasmo e Roberto Carlos)

De violão novo e aluguel pago, livre daquela maluca, pude me dar ao luxo de voltar a cutucar minhas feridas em paz. Hoje mesmo estava me lembrando de quando Luiza veio morar aqui. Nossa tentativa de montar uma banda de rock não tinha dado certo, mas estávamos juntos e só isso importava.
Foram dias lindos, aqueles primeiros morando juntos. Conversas madrugada adentro, sexo intenso, geniais piadas internas. E ela fazia músicas para mim. Pegava o violão, fazia os poucos acordes que conhecia com a mesma batida de sempre e improvisava letras absurdas falando de mim, de nós, do apartamento, da geladeira quebrada, do vazamento no banheiro, do canário que um dia foi embora.
No nosso primeiro Dia dos Namorados, ela se deu ao trabalho de imprimir essas letras com as cifras e encadernar. Foi um presente muito legal. Estava agora remexendo umas gavetas e encontrei o caderno. Mentira, não estava remexendo nada: Sei muito bem onde guardo o caderno, e sempre volto a ele quando quero sofrer um pouco mais do que de costume.
Não, eu não vou transcrever as letras aqui. São ridículas em sua maior parte, e só fazem sentido para mim mesmo. Só posso dizer que são lindas e despertam em mim sensações bonitas e estranhas.
Ah, Luiza. Aposto que você não sabia o que estava causando quando foi embora. Porque você é uma imbecil, Luiza. Você é uma imbecil.

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